MITSp – 9° mostra internacional de teatro de são paulo

O tema dessa edição da mostra foi a descentralização, o olhar pra margem.

Fomos convidados para gerar algumas imagens para identidade visual da mostra. Escolhemos usar as fotos que tiramos de encontros com expressões de vivência periférica.

henrique:
Quando eu registro essas coisas é sobre isso: encontros fronteiriços entre poesia incidental e oráculo. Enquanto pessoa que nasceu, cresceu e vive nas bordas da cidade e do capitalismo preso às cartas aleatórias que a rua oferta. Elas falam da vida periférica, com crueza, pra além da caricatura midiática que reduz essa experiência ou à produtos simplórios ou à precariedade e violência.
Lógico que a vida periférica tem muita precariedade e violência. Mas ela é também absolutamente diversa, explosivamente criativa, porque a gente tá na borda da explosão. Onde o estado mal chega a vida floresce diferente. Volátil, reativa e lindamente inadequada. Eu acho inadequação um trunfo nessa vida brutal que a cidade inventa pra gente.

Essa pesquisa com fotografia, que hoje cruza nós 3, de tempos em tempos um de nós fotografa mais, outro menos, hoje, já aconteceu de um não tirar a foto de algo porque sabia que o outro iria tirar, ou tirar a foto mesmo imaginando que o outro já tirou, para ter mais de um registro do mesmo acontecimento.

O tratamento das imagens também trata de uma experiência fronteiriça. Usamos um processo de esgarçamento da imagem, o registro feito pelo celular é impresso por uma impressora comum em folha comum e, depois, escaneado, subvertendo a suposta precariedade dos processos e assumindo seu valor como linguagem.

Agradecemos à Lila e a Amanda, responsáveis pela identidade visual do evento, por nos chamarem pra contribuir no trabalho.
@lilabotter
@amanda_dafoe